Novo Airão: saiba onde ficar, comer e o que fazer na cidade

Novo Airão: saiba onde ficar, comer e o que fazer na cidade

Praias de Novo Airão
A chegada dos turistas a Novo Airão traz novidades, como esse veleiro, ancorado para os donos curtirem o por-do-sol na praia da Coroa. Foto: Ricardo Oliveira
Os percalços da rodovia AM-070 (Manaus-Macapuru), em obras de duplicação, desembocam no KM-080 na Manacapuru-Novo Airão (AM-352). São 96 quilômetros até a pequena cidade de Novo Airão, quase vilarejo, transformada em confluência de culturas e experiências de cidadãos do mundo. A viagem dura 2h30 de carro, de Manaus até o Parque Nacional de Anavilhanas. Abre as portas para um dos mais ricos patrimônios biológicos e ecológicos do Brasil.
Novo Airão foi escolhida pelo Governo do Amazonas como uma das cidades onde o turismo será enfatizado. As outras são Presidente Figueiredo, Parintins e Maués. “Vamos retirar as curvas da estrada, como a famosa ‘curva da morte’. A ideia é requalificar tudo, com asfalto novo e sinalização, horizontal e vertical, completa”, garante o governador Wilson Lima.

Iniciativa privada na frente

A iniciativa privada já começou a agir, aquecendo a economia local. Antes mesmo da iniciativa governamental, que está sendo saudada com otimismo, apareceram as pousadas e os hotéis. O Mirante do Gavião e o Anavilhanas Jungle Lodge conseguem ocupação excelente no segmento mais exigente, o de alto luxo. O restaurante Flor do Luar, um flutuante obrigatório na cidade, mal cabe os clientes em fins de semana.
A demanda aquecida abre espaço para outros empreendedores. A Casa Madadá, com três quartos, um deles suíte, privilegia o visual esfuziante de Anavilhanas. “De qualquer janela você vê o rio, as ilhas e até a praia do meio”, diz a sorridente proprietária Geyna Brelaz. O endereço, em Novo Airão, está no AirBnb, o aplicativo que aluga imóveis de forma planetária. “Veio um chef italiano, com duas malas, uma de instrumentos e outra de carnes, presuntos, massas e queijos. Já anunciou que vai voltar porque adorou cozinhar com esse visual”, acrescenta.
A história é de um casal que vive em Manaus, há anos, mas agora descobriu Novo Airão. O endereço? Em frente ao flutuante dos botos, número 53. Tudo muito simples, à primeira vista, mas bom gosto e cuidado na decoração são imposição de conforto ao hóspede.
Casa Madadá, palavras-chaves para pesquisar no AirBnb, é só um exemplo. O mesmo casal está investindo em nova casa, mais ampla, confortável, refinada e equipada com piscina. “O conceito que nós adotamos prioriza o ‘estar’. Os quartos, todos equipados com camas Queen, estão em segundo plano. Queremos o máximo de conforto para os hóspedes”, diz Geyna Brelaz, diretora-executiva da Amazon Best Experience, empresa do grupo focada no turismo e viagens de experiência.
Casa Madadá, em Novo Airão
A Casa Madadá, trabalhada na madeira, com visual para as ilhas do arquipélago das Anavilhanas e um quintalzão, típico do interior. Foto: Ricardo Oliveira
Casa Madadá, em Novo Airão
Ambiente da Casa Madadá. Note o aparador, a mesa de centro e as cadeiras, tudo feito por artesãos de Novo Airão. Foto: Ricardo Oliveira
Mirante do Gavião, em Novo Airão
O Mirante do Gavião tem poucos bangalôs e é destinado ao segmento de alto luxo. Foto: Tereza Cidade

Cafés

cidade dos botos está ganhando, aos poucos, os equipamentos necessários à recepção de turistas.
Os cafés Tipiti Orange Huis (casa laranja, em holandês) e Tapiri são um charme. Faltam apenas alguns cuidados com estoque e matéria-prima (tucumã, por exemplo, não pode faltar). Mas o principal está pronto e aguardando os turistas.

Café Tipiti, de um holandês casado com filha de Novo Airão… Foto: Ricardo Oliveira


… e o Café Tapiri. Novo Airão está se equipando para receber ainda melhor os turistas. Foto: Ricardo Oliveira

Point de estrangeiros
Novo Airão, há algum tempo, é point de estrangeiros.
A alemã Laura Berwanger, 80 anos, fabrica pão integral e geleias, o trigo pilado por ela mesma no pilão. O Tipiti é de um casal de holandeses. Franceses, que tiveram uma presença forte na economia da cidade, estão voltando.
Há terrenos espalhados pela cidade que pertencem a estrangeiros. Têm vista privilegiada do rio e estão à venda. Mas os preços, com o aquecimento da economia, são salgados.
“É tempo de praia. A água é fresca. Não tem melhor local para ficar nos dias de calor”, diz Edval, pescador que hoje fatura mais como canoeiro.
Em breve a cidade ganhará um pequeno mall, com lojas de conveniência, material de pesca, farmácia com foco em produtos artesanais e sustentáveis, alimentação, clinica pet e outros serviços.
O empreendedor Valdo Garcia, presidente da Amazon Best, vê Novo Airão como a Búzios amazônica dos anos 60. O município tem 19,5 mil habitantes. É pequeno. As ruas, mesmo as dos bairros surgidos de invasão, são largas. Ainda está fácil para arrumar tudo. Por ser uma cidade porta-de-entrada do Médio e Alto Rio Negro, a vocação é ecológica. É preciso implantar sistema de esgoto, coleta seletiva e tratamento do lixo no destino final e iluminação pública a led, mais eficiente. É mais barato o Estado fazer agora do que no futuro, quando pode ficar muito mais caro.
O Município é abençoado geograficamente. Sedia os parques nacionais de Anavilhanas e Jaú. Está distante quase 200 quilômetros de Manaus. Não tem perfil para o turismo de massa.

A praia da Coroa tem águas correntes, muito limpas, misturando correntes mornas e geladas. Foto: Geyna Brelaz

Cachoeira do Carabini, que fica a cerca de duas horas, em lanche rápida, oferece esse visual esfuziante. Foto: Ricardo Oliveira

Manauara descobre Novo Airão e as belíssimas paisagens dos arredores, como a gigantesca praia do Camaleão. Foto: Ricardo Oliveira

No Flutuante dos Botos é possível ver os animais de perto e até tocá-los. Foto: Marcos Santos

Gruta de Madadá em Novo Airão
Pedra Sanduíche, no caminho para a Gruta de Madadá. Foto: Tereza Cidade

Por dentro de Novo Airão

A cidade é simples, as ruas centrais são arrumadas, o desemprego é alto, a renda é muito baixa. As pessoas, no entanto, são receptivas, têm orgulho de sua cidade, cuidam bem dos quintais, adoram plantar árvores frutíferas e ornamentais. E conhecem o labirinto das águas formado pelas 400 ilhas de Anavilhanas e seus santuários secretos.
O clima é tropical e úmido, mas à noite bate uma brisa santa, que vem das ilhas.
Para conhecer Novo Airão, mesmo sendo cidade tão pequena, é preciso ter espírito de viajante e se integrar à cultura local. O estilo é lent. Quem tem pressa não deve ir a Novo Airão.
Comece indo no supermercado São José – apelidado pelos habitués de “Roma” da cidade, porque tem até produtos sofisticados, incluindo vinhos tintos e espumantes. Faça o rancho. O bom é cozinhar em casa, de preferência com um cozinheiro local, que sabe como ninguém fazer os peixes dos lagos e afluentes do rio Negro.
Conheça o artesanato fino da Fundação Almerinda Malaquias, logo na entrada da cidade, entre os Top 100 do Sebrae.
Prefere um restaurante? Há opções como o Sabor do Sul, carnes e peixes do chef gaúcho Adelar Kunast, e Flor do Luar, flutuante com comida amazônica contemporânea. De entrada peça um ceviche de tucunaré no tucupi. O restaurante do Hotel Mirante do Gavião só recebe com reserva e é para bolsos mais recheados.
À noite, a pedida irresistível é o Saloon Ajuricaba Alex Bar, do casal Alex e Alessandra, artesãos e empreendedores. Eles são proprietários, além do gastrobar, de uma loja de biojoias, um clube de tiro e sócios de uma barbearia masculina, tudo no mesmo complexo. A seleção musical tem jazz, blues, rock e MPB. Os drinks são autorais. A decoração tem bicicletas Peugeot anos 40, deixadas por aventureiros franceses que chegaram à cidade pedalando. A frente de uma Kombi foi transformada no balcão do bar. A luz de penúmbra e uma mesa de sinuca completam o clima descolado.
Pode ir ao Alex de sandália de dedo, descontraído. Você encontrará todas as tribos, europeus, paulistas, sulistas, gente do ICMBio, pesquisadores, estudantes, jornalistas, atores, redes de TV internacionais…

Ateliê de Buy Chaves e Ellen Rossy, artistas que produzem há décadas na cidade, sempre com influência em avalanche de Novo Airão. Foto: Ricardo Oliveira

Onde ficar:

Pousada Novo Airão
Fica logo na entrada da cidade (Rua Naide Batista, 377 Bairro Novo Horizonte. Fone: (55-92-99133-9884)

Pousada Bela Vista
Bem localizada, na “rua da frente”, com vista para o rio Negro e as Anavilhanas (Av. Pres. Getúlio Vargas, 47 – Centro, Novo Airão – AM, 69730-000. Fone: 55-92-3365-1023

Pousada Cabocla
Rua Dr. Bruno Laukusas, Novo Airão – AM, 69730-000.

Lodge Mirante do Gavião
Está classificado como “boutique Hotel de Luxo”, com apenas 12 luxuosos e charmosos apartamentos. Também tem vista privilegiada para o rio Negro e até uma das suítes pendurada em castanheira. Fone: 55-92-3365-1644

Anavilhanas Jungle Lodge
São 26 lodges de selva. Foi apontado como um dos 10 melhores hotéis de selva do mundo, pelo jornal norte-americano New York Times. Fone: +55-92-3622-8996 (https://www.anavilhanaslodge.com/wordpress/)


Onde comer:

Sabor do Sul
Restaurante simples, que serve carnes, peixes, galinha caipira. É do chef gaúcho Adelar Kunast.

Flutuante Flor do Luar
Oferece iguarias regionais como tambaqui assado e escabeche de tucunaré. Além de experimentar os sabores regionais, você ainda pode dar um mergulho nas águas do rio Negro.

Delicias regionais no Flutuante Flor do Luar.

O que fazer:

Visita e observação dos botos no Flutuante dos Botos;
Visita à Casa Atelier dos Artistas Buy e Helen Rossy, escultura de madeira, artesania fina e telas.
Visita à Fundação Almerinda Malaquias, artesanato de madeira de resíduos
Local dos índios Waimiri Atroari
Loja de Artesanato

Passeios:

Anavilhanas, Grutas do Madadá, Parque Nacional do Jaú, corredeiras do rio Carabini
Praias próximas – Praia da Coroa (5 minutos de bote de alumínio) e do Camaleão, cerca de uma hora.

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